Mercados e Tecidos Vol.9

Tomando o fio que abre a memória, onde estão guardadas as lembranças da existência, pode-se construir uma narrativa sobre si, sobre o outro, sobre as relações humanas e seus frutos. Não se trata de uma narrativa linear, mas de uma trama tecida no decorrer da vida, cujo enredar é permeado de interseções e pontos que atam os nós que aparecem ao longo desse tecer. A trama, ora firme, ora frouxa, ora enredada, ora remendada, pode ter qualquer forma, qualquer espessura, qualquer cor. Tudo depende da linha da vida. Não é fácil seguir a linha da vida, até porque não se trata de uma linha, mas de uma rede, uma teia onde se cruzam ações, palavras, ideias e empreendimentos. uma teia que se forma a partir de um ponto de origem e que, por mais que dele se distancie aparentemente, para ele se volta e com ele se liga. É preciso que todos os pontos estejam em harmonia e cumpram seu papel de ligar e sustentar a trama. O ponto inicial não é mais o principal para essa sustentação, mas torna-se referencia, a base que determina o formato que essa rede terá. Por trás de cada tecido feito de linhas tomadas no decorrer da vida, grossas ou delicadas, está o homem com sua sorte -ou destino- lançada fortuitamente ou galgada passo a passo, às custas da garra, oportunidade e coragem.

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO "TECENDO MEMÓRIAS: A HISTÓRIA DA ESTAMPARIA"

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